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Irréversible (2002)

  • Foto do escritor: Damaris Andrade
    Damaris Andrade
  • 11 de dez. de 2021
  • 2 min de leitura

O filme Irréversible, lançado em 2002 pelo diretor Gaspar Noé, conta a história de Marcus (Vincent Cassel) e Pierre (Albert Dupontel), que estão em busca do homem que estuprou Alex (Mônica Bellucci), mulher e amiga dos dois, respectivamente. Porém, a história começa de traz pra frente, com o publico já sabendo do destino dos personagens.


É um filme que tem todos os temas que Noé gosta de tratar: violência, sexo e vingança, tudo em dosagem alta e desconfortável. Mesmo Irréversible contendo algumas das cenas mais pesadas e perturbadoras da história do cinema, a mesma fórmula, de forma mais leve, aparece em filmes como “Climax” e “Carne”.


Posso descrever o filme como uma experiência desconfortável e vertiginosa. Parte disso vem do estilo de gravação frenético que acontece no começo, na qual a câmera para em raras ocasiões para podermos entender o que está acontecendo. Tudo está em movimento constante, o que faz com que demore alguns minutos para que o espectador entenda o que está acontecendo. A outra parte vêm da transição usada para mostrar o retorno a uma cena ao passado, na qual o diretor opta por girar constantemente a câmera, como se estivéssemos em um redemoinho.


Porém, quando a câmera fica parada, desejamos que não estivesse. As duas cenas mais polêmicas do filme, sendo essas Pierre desfigurando a cara do estuprador com um extintor de incêndio logo no começo e a cena de estupro seguida de espancamento de mais de 10 minutos, sem cortes, sofrida por Alex, acontecem como se Noé tivesse esquecido a câmera por lá, enquanto assistimos desesperados e incapazes de fazer algo a respeito.


É um filme feito para incomodar. O diretor quis passar ao espectador a ideia que a violência é cotidiana, e que ela pode acontecer em qualquer lugar, em sua forma mais animalesca. Mônica saía de uma festa quando passou pelo estuprador batendo em outra mulher, apenas para ser sua próxima vítima. O paralelo com a realidade é tanto que dói, pois temos vários casos esses mostrados em telejornais, fazendo com que a violência seja amortecida e tratada como algo rotineiro devido a sua grande recorrência.


A única pessoa que poderia ter salvado a moça aparece ao fundo do túnel onde acontece a cena, mas se intimida e foge do local, com medo. Noé nos mostra a violência que viola, a violência que mata, a violência que dá medo e, talvez o que mais incomoda por resumir as três últimas, a violência cotidiana. Ele não podia ter dito melhor no final do seu filme: “o tempo destrói tudo”.


Esse não é um filme para pessoas de estômago fraco. As cenas citadas são extremamente gráficas e explícitas. Mas não se engane, além dessas cenas e do debate levantado, o roteiro é simples e chega a ser extremamente tedioso em algumas partes, principalmente perto do final. Não tem nada de novo nem revolucionário, mas se você procura por uma crítica interessante sobre a violência na sociedade atual, levando em conta os problemas citados, “Irreversível” é uma boa escolha.


Ficha Técnica

Irréversible (França, 2002)

Direção: Gaspar Noé

Elenco: Monica Bellucci, Vincent Cassel, Albert Dupontel

Duração: 97 min.

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